CPI da BHTrans #1
Depoimento do atual presidente Diogo Prosdocimi
Começamos hoje essa série que vai trazer um resumo das reuniões da Comissão Parlamentar de Inquérito, ou apenas CPI da BHTrans, na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Na semana passada, rolou o depoimento do atual presidente da empresa, Diogo Prosdocimi. Vamos por tópicos:
→ INSATISFAÇÃO COM O SERVIÇO: O presidente citou uma pesquisa feita em 2019 na qual 63% consideram a lotação ruim/péssima, 40% afirma que o tempo de espera é péssimo (veja que ele deixou de lado informações sobre a tarifa). Ele afirma, ainda, que o aplicativo para reclamações é ruim e não dá feedback ao usuário.
→ TECNOLOGIA: Ficou claro que a empresa poderia oferecer mais informações para sociedade a partir de melhores “tecnologias”. A BHTrans tem um centro de operações cheio de computadores, câmeras em todos os ônibus e um aplicativo próprio. O que falta, heim?
→ PANDEMIA: São vários os questionamentos sobre a queda na oferta de transporte durante a pandemia. Segundo o presidente, ela aconteceu para adequar à demanda e às condições sanitárias. Engraçado, o que não falta são imagens e depoimentos de ônibus lotados…
→ O COMPORTAMENTO DOS EMPRESÁRIOS: A pergunta que não quer calar: porque a frota continuou reduzida apesar da injeção de grana da prefeitura? Diogo diz que esse dinheiro será revertido em vales para a Prefeitura e que a frota é regulada a partir de outros critérios. Ou seja, a Prefeitura põe dinheiro e as empresas continuam do jeito que querem — e ainda dizem que estão quebradas.
→ CONTRATO COM AS EMPRESAS DE ÔNIBUS: Diogo faz críticas ao atual contrato de concessão do transporte coletivo, falando que as multas e as tentativas de ajuste são posteriores às falhas. Ele afirma, ainda, que a tarifa é calculada por uma fórmula paramétrica e que, de 4 em 4 anos, esses custos são verificados. (Spoiler: não, não são!) Diogo fala também que é necessário modernizar e atualizar os contratos de gestão. Queremos participação popular na reformulação do contrato!
→ COBRADORES: Já foram aplicadas cerca de 30 mil multas com relação a esse tema nos últimos 3 anos e apenas 9 mil foram pagas. Ou seja, multa não funciona né? Além disso, mesmo se as empresas pagassem todas as multas, o lucro pela retirada dos cobradores ainda compensaria. Diogo afirma ter ciência de que a presença de agentes de bordo nos ônibus é LEI, mas lava as mãos e fala: vai passar pra cidade decidir se quer a volta dos cobradores e que isso resultaria em um aumento da tarifa (o que é uma mentira). Muito bem, presidente, nada como “democratizar” a necessidade de cumprir um direito. Ótima concepção de cidadania.
Sobre a volta dos cobradores, a ideia de que haveria necessariamente aumento na tarifa é mentirosa. Se as empresas não diminuíram o preço da tarifa quando retiraram os cobradores, porque vão aumentar com a volta deles? Parece que alguém quer sair levando vantagem, né?
Quem quiser conferir quanto os empresários de ônibus ganharam com a retirada, é só acessar nosso estudo sobre o assunto. Lembrando que todo ano o ganho deles com isso só aumenta.
→ METAS DA GESTÃO: O presidente afirma que o modelo ideal de transporte público para ele seria um transporte alinhado ao PlanMob da cidade. Cita a importância do aumento de faixas exclusivas de ônibus e ciclovias (não nos esqueçamos dessa resposta: vamos cobrar no futuro!)
O presidente sabe que o serviço da BHTrans é ruim, que a insatisfação da população é alta e insiste em dizer que transparência é prioridade dele. Ótimo, vamos começar pelas contas das empresas? Quanto ganham, qual sua margem de lucro atual? Estariam mesmo falindo?
Sigam aqui os próximos capítulos!
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